sexta-feira, 25 de abril de 2014

O poder do foco

por Isha

Nós realmente não temos ideia do quão poderosos somos. Temos a tendência de nos ver pequenos em um mundo enorme, fazendo todo o possível para influenciar as marés que estão entre nós e nossa realização. Mas há uma verdade que pode mudar essa percepção, deletar em nós o sentimento de vítimas para atingir a verdadeira liberdade: naquilo que você focar cresce.

Nosso foco cria a nossa realidade. Se nos concentrarmos no que está errado em nossas vidas e nossos mundos, o que vemos? O que há de errado! Mas se nos concentrarmos nas coisas que amamos, as coisas que nos inspiram e nos enchem de alegria, começamos a ver a beleza que antes estávamos tão cegos para ver. Você pode transformar sua experiência de vida em um instante, apenas optando em focar para dentro. Basta colocar a sua atenção profundamente para dentro de si, em vez de ficar preso nos dramas e preocupações do mundo que o rodeia, você pode quebrar os padrões que você teve ao longo da vida, de descontentamento e preocupação.

Então, se é tão simples, por que não o fazemos? Eu sei porquê: porque não queremos. Não queremos ser felizes, preferimos lutar por aquilo que achamos que deve ser corrigido. Não nos rendemos, queremos ganhar. Não queremos aceitar a nossa realidade, queremos perseguir nossas ideias sobre como as coisas deveriam ser, em vez de aceitá-los como elas são. Por quê? Porque estamos convencidos de que sabemos melhor do que ninguém como deveriam ser as nossas vidas. A verdade é que a nossa ideia do mundo perfeito foi moldada pelas opiniões de muitos, pelos medos e inseguranças causadas por muitas experiências de vida, por isso não é realmente a nossa ideia em absoluto.

As crianças não fazem isso. Elas abraçam o que elas têm, sem dúvida. Quando eu morava no litoral colombiano, os meninos locais costumavam jogar futebol com os pés descalços, com cocos. Eles não estavam lá fora, desanimados, pensando: "Se tivesse sapatos esportivos Nike, eu poderia jogar muito melhor". "Se tivéssemos uma bola de verdade, em vez do coco!" Eles não pensam assim, divertem-se demais apreciando o que têm do jeito que é.

Eu não nego a importância de trabalhar por um mundo melhor. Admiro qualquer atividade que ajude a unir a humanidade e melhorar a qualidade de vida no planeta. Mas se nos concentrarmos no que está errado, mesmo com a intenção de corrigir isso, estamos perpetuando descontentamento e insatisfação. Vamos nos concentrar no que temos conseguido, no mundo incrível e maravilhoso em que vivemos e as pessoas apaixonadas e inspiradas que estão dando o seu melhor para a humanidade a cada dia. Vamos nos concentrar no que podemos dar, nas maneiras pelas quais nós possamos trazer mais alegria e satisfação para a vida. Vamos nos concentrar em estar totalmente presentes, em nos conhecer, aceitar-nos e nos abraçar a nós mesmos. Então, naturalmente, estaremos compartilhando esse amor com aqueles que nos rodeiam.

No que você está focando agora? Nas frustrações do passado ou nas preocupações do futuro? Por que você não tenta, só por hoje, concentrar-se em aproveitar cada momento? Em dar o seu melhor em cada situação que se lhe apresenta?

Experimente. Descubra o poder do foco e, assim fazendo, assuma a responsabilidade de sua própria felicidade.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Quem é autêntico pode ser bastante amado, naturalmente pode ser odiado na mesma proporção... Não devemos nos preocupar em colocarmos máscaras para agradar as vontades alheias, o importante é sermos verdadeiros aos nossos sentimentos. Rir quando se tem vontade e chorar também. Não acumule sentimentos.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Há metafísica bastante em não pensar em nada.


O que penso eu do mundo? 
Sei lá o que penso do mundo! 
Se eu adoecesse pensaria nisso. 

Que ideia tenho eu das cousas? 
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? 
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma 
E sobre a criação do Mundo? 

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos 
E não pensar. É correr as cortinas 
Da minha janela (mas ela não tem cortinas). 

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério! 
O único mistério é haver quem pense no mistério. 
Quem está ao sol e fecha os olhos, 
Começa a não saber o que é o sol 
E a pensar muitas cousas cheias de calor. 
Mas abre os olhos e vê o sol, 
E já não pode pensar em nada, 
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos 
De todos os filósofos e de todos os poetas. 
A luz do sol não sabe o que faz 
E por isso não erra e é comum e boa. 

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores? 
A de serem verdes e copadas e de terem ramos 
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar, 
A nós, que não sabemos dar por elas. 
Mas que melhor metafísica que a delas, 
Que é a de não saber para que vivem 
Nem saber que o não sabem? 

"Constituição íntima das cousas"... 
"Sentido íntimo do Universo"... 
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. 
É incrível que se possa pensar em cousas dessas. 
É como pensar em razões e fins 
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados 
das árvores 
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão. 

Pensar no sentido íntimo das cousas 
É acrescentado, como pensar na saúde 
Ou levar um copo à água das fontes. 

O único sentido íntimo das cousas 
É elas não terem sentido íntimo nenhum. 
Não acredito em Deus porque nunca o vi. 
Se ele quisesse que eu acreditasse nele, 
Sem dúvida que viria falar comigo 
E entraria pela minha porta dentro 
Dizendo-me, Aqui estou! 

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos 
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas, 
Não compreende quem fala delas 
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.) 

Mas se Deus é as flores e as árvores 
E os montes e sol e o luar, 
Então acredito nele, 
Então acredito nele a toda a hora, 
E a minha vida é toda uma oração e uma missa, 
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos. 

Mas se Deus é as árvores e as flores 
E os montes e o luar e o sol, 
Para que lhe chamo eu Deus? 
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; 
Porque, se ele se fez, para eu o ver, 
Sol e luar e flores e árvores e montes, 
Se ele me aparece como sendo árvores e montes 
E luar e sol e flores, 
É que ele quer que eu o conheça 
Como árvores e montes e flores e luar e sol. 

E por isso eu obedeço-lhe, 
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?). 
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, 
Como quem abre os olhos e vê, 
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, 
E amo-o sem pensar nele, 
E penso-o vendo e ouvindo, 
E ando com ele a toda a hora. 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema V" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

Eu não vou me meter no meio desse redemoinho de loucuras e estresse... Eu já aprendi a lição: Uma coisa de cada vez, paciência para esperar chegar a hora de cada coisa.
Sim, eu preciso de um tempo para ficar tranquila, ouvir boa música, inventar receitas, pensar nas plantas e ervas, acalmar a minha mente e meu coração... Isso as vezes requer muito tempo... horas. E o dia se acaba rapidamente. Sim, as vezes não tenho escolha. É como se eu perdesse o meu dia inteiro e chegasse em casa só para dormir. Hoje pude ficar mais tempo em casa, mesmo o mundo lá fora girando rapidamente. Percebi uma borboleta que veio em minha direção, pertinho do meu rosto e depois pousou na samambaia. Será que estou perdendo meu tempo? Será que nada estou plantando? Eu não acho. Mas não posso ter certeza, só saberemos daqui alguns anos, quando tudo nascer. Eu sei, precisamos trabalhar e muito. Mas será que tem que ser assim? Não existe outras possibilidades? Nós escolhemos, nós nos comprometemos, nós dizemos sim ou não. Eu prefiro ser sincera.