
Eu sou aquela que...
Tenho frequentemente vontade de chorar, e o que em geral se reduz à vontade apenas, como se a crise se completasse no desejo.
Uns dias cheia de tédio, enervada e triste. Outros, lânguida como uma gata, embriagando-me com os menores acontecimentos.
Uma folha caindo, um grito de criança, e penso: Mais um momento e não suportarei tanta felicidade. E realmente não a suporto, embora não saiba propriamente em que consista essa felicidade. Caio num choro abafado, aliviando-me, com a impressão confusa de que me entrego, a não sei quem e nem sei de que forma.
"Exagerada toda a vida: minhas paixões são ardentes; minhas dores de cotovelo, de querer morrer; louca do tipo desvairada; briguenta de tô de mal pra sempre; durmo treze horas seguidas; meus amigos são semi-irmãos; meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos!"
A unica verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bom, isso já é demais!
"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."
"O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado."
(Clarice Lispector)
foto: Woodstock
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