sábado, 28 de maio de 2011

Dogville

As pessoas não querem saber a verdade dos fatos. Muitas vezes a única coisa que temos é a verdade. Mas as pessoas estão todas tão alienadas às seus preconceitos que não aceitam a verdade como resposta. Elas vêem à mais sempre!

A verdade é limitada, a imaginação não.
As pessoas ficam cegas de um dia para o outro. E se você conseguir segurar suas lágrimas elas pararão e serão piedosas. Bullshit! Tudo mentira!
Precisamos então de uma cidade sem paredes?
Nos obrigam a nos esconder cada vez mais! Querem enfeiar tudo que é bonito, puro. Não querem coisas simples e fáceis, querem sempre o caos, os desencontros desnecessários, a desordem e a incompreensão. E ainda acreditam plenamente em suas próprias hipocrisias. E ainda transferem a culpa deles para quem é vítima dessa teia de injustiças!
Eu também devo ser assim. Devo merecer o tanto quanto eles merecem da minha parte com eles.


Em si mesma, toda idéia é neutra ou deveria sê-lo; mas o homem a anima, projeta nela suas chamas e suas demências; impura, transformada em crença, insere-se no tempo, toma a forma de acontecimento: a passagem da lógica à epilepsia está consumada… Assim nascem as ideologias, as doutrinas e as farsas sangrentas. Idólatras por instinto, convertemos em incondicionados os objetos de nossos sonhos e de nossos interesses. A história não passa de um desfile de falsos Absolutos, uma sucessão de templos elevados a pretextos, um aviltamento do espírito ante o improvável. – Cioran, E. Breviário da Decomposição (Genealogia do Fanatismo).


(Sobre o filme "Dogville", de Lars Von Trier)

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