segunda-feira, 11 de abril de 2011

Num café qualquer em qualquer dia...

                                                    foto: Zélia Vaz


Quando ele a viu, deu um sorriso imenso. Ela se segurou, mas seu coração quase saiu pela boca. Ele a cumprimentou com um beijo no rosto e um abraço demorado. Ela também o abraçou, bem forte e seus pensamentos embaralharam todos de uma vez só.
Ela não conseguia dizer e nem pensar em nada. Ficou em estado de choque. Tremia. Ele percebeu, mas tentou puxar um assunto qualquer, do tipo: "Como vai você? O que anda fazendo? Vamos tomar um café?" Ela, ainda em estado de choque não conseguia pensar.
Eles não se viam há mais de 7 anos e ela não tinha nada para falar. Ela disse rapidamente: "Nada demais..." 
Um silêncio e um sorriso predominou nesse instante, como se os dois estivem pensando ou relembrando dos momentos juntos. Algo ainda acontecia de  muito forte. 
Ela pensava que tivesse estragado tudo ao longo dos anos, mas sempre pensava nele, mas só pensava. Ela tinha certeza que não o amava mais, pois quando se lembrava dele, não sentia mais o frio na barriga como antes costumava a sentir.
Ele também sempre pensava nela, mas logo se distraia assistindo sua televisão à cabo.

Os dois estavam nervosos como se acabassem de se conhecer. E talvez eles tivessem acabado de se conhecer mesmo. Não da forma como eles já estavam acostumados a lembrar, mas da forma como deveria ter sido.

Quando chegaram no Café, sentaram um olhando para o outro e dando aquele sorriso meio de lado, meio tímido ainda.
Depois de sentar, ela relaxou mais. Ficou mais segura. E ele não parava de olhar para ela e de sorrir. Ela desviava o seu olhar, porque não conseguia encará-lo. Ela olhava para os lados, para baixo, e às vezes passava rapidamente a olhá-lo, para que ele não pensasse que ela estava o evitando. Ela sabia que talvez ele não pudesse entender sua reação. Ou até pudesse... Mas continuou assim.

 
Ele como sempre falou da suas coisas, do seu trabalho, das suas músicas, das suas viagens, das pessoas e dos lugares que conheceu. E ela só ouvia, tomando o seu café, ficava mais calma, conseguia olhá-lo com mais serenidade. No fundo ela estava explodindo de felicidade e medo. E ele estava ansioso e otimista, como sempre foi. Além disso, ele tinha um dom de puxar papo e ser engraçado. E ela, através de todas as informações que ele passava, tentava buscar perguntas, só para parecer também comunicativa. E como ela já sabia, mostrar interesse pelas coisas dele, sempre dava certo para que tudo acabasse bem.
Assim tiveram uma pequena longa conversa.
Ele queria muito beijá-la. Mas não beijou, se segurou para manter a pose.
Ela não queria se machucar novamente, não sentia mais aquele frio na barriga, mas sabia que ainda sentia algo por ele. Ele parecia não ter mais tanto medo. E ela já não se jogava mais de cabeça como antes fez.
 
Ele precisava voltar ao trabalho. Trocaram telefones e se despediram com um abraço de coração mais tranquilo. O caminho da casa dela não era o caminho para o trabalho dele, ela sentiu um alívio por isso.
Ele foi para um lado, com uma felicidade, como se tivesse ganhado o dia.
E ela, foi para o outro lado da quadra, pensando que aquele momento tinha sido dado por Deus, como mais uma chance para os dois se decidirem. E ela achou tudo muito bom. Adorou ter encontrado ele. Adorou em partes. Porque ela não parava de pensar em tudo que já havia acontecido com eles, coisa que ela não queria desenterrar... sentimentos mau resolvidos...

Chegou em sua casa, deitou na cama, puxou um travesseiro e pensou por vários minutos sobre esse encontro. Tentou entender o que aconteceu afinal. Depois, se sentou, se olhou no espelho, tomou seu banho, longo banho pensativo e decidiu pintar aquele quadro que ela havia começado no dia anterior.
Logo se distraiu e sua mente se acalmou. Aquela pessoa já não a abalava mais. Se recuperou rápido daquela intensidade de sentimentos descontrolados.
Depois de alguns dias ela já estava bem mais forte. Já sabia o que queria novamente. 
Ela não era mais aquela menina que um dia sofrera por ela mesma, pois hoje ela está em seu lugar. Hoje ela a tinha mais do que nunca. Ela fazia o que gostava e era feliz por isso.  Seu coração já estava preenchido por outra pessoa, que era ela mesma.
Depois de 7 dias ele ligou para ela várias vezes e ela nunca o atendeu. 

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