sexta-feira, 15 de abril de 2011

Por Stephani Guerra



Eu vou lá e é sempre a mesma poesia, a mesma poesia, a mesma poesia.

Que coisa.


Dou voltas em torno da sua órbita e sou repelida da sua gravidade, percorro quantas distâncias através da lonjura possível.
Me embrenho no breu da sua ausência, pelo universo infinito, viajo anos-luz para fora de você.
Sei dos trópicos imaginários dos planetas que nos avizinham, a rota indefinida dos cometas viajores.
Sei do valor de cada nebulosa que nasce.
E nem de longe você está em qualquer lugar desses que estou.
Você é só um planetinha com um pouco de terra e água na imensidão.

As estrelas me abrigam em suas luminosidades distantes.
Por telepatia comunicam suas posições, pulsações, e batendo cada qual ao tamanho da sua força, lembram-me que o brilho demora mesmo a chegar.
A gente não pode é parar de pulsar, pulsar, pulsar. Entende?

Não é desejo, não é vontade, é só verdade. 
Que que eu vou fazer?
Uma verdade que se conforma em ser, às vezes pretende, às vezes esquece, mas não decide por si mesma.
A planta afinal decide ou não nascer, ou ser?
Sei lá sabe, ela só cresce ou seca, só isso. Não é?
Você rega ou não, sabe.
Isso é coisa da Terra.

E em qualquer metáfora, perto, distante, sem vontade, eu volto a voltar meus olhos.
Existem planetas inteiros de diferenças entre a gente.
Vai saber por onde você vem, ou em que frequência.
Vai saber por onde eu ando que te ouço tanto.
Nave-mãe? Satélite? Ou mera interferência especulativa?

É engraçado, quando eu voltei da viagem, atravessamos a atmosfera, eita que o mar parecia o céu lá de cima! Fiquei confusa, mas respirei... 
Daí eu devo ter lembrado né, não pensei nisso na hora. 
Eu só respirei normalmente e é como perguntar para a planta se ela escolhe nascer ou ser. Faz sentido?

Enfim, são tantas inspirações, a moça, a rosa, o violão, a mágica no ar, os sentidos às avessas. Eita os homens!
Eu vi quando a música explodiu em bolas vermelhas, parecia um desenho animado. 
As bolas vermelhas saindo da sonoridade, ora cor-de-rosa, ora azulzinho também, e tinha sabor. 
Era doce. Deu para ver perfeitamente.
O som primeiro, depois o pensamento, a saliva, o sangue, o batimento do coração, tudo doce.
E eu fui voltando, lentamente, voltando, voltando...
Reconhecendo as plantas, a verdade silenciosa delas.
Lá no espaço não tem dessas coisas.

O amor é um doce estranho num mundo diferente.

Nenhum comentário: